Ele chegou. 12 anos depois, Joel Natalino Santana está de volta ao Bahia. Muita coisa mudou desde a sua última passagem no clube baiano. Na chegada, o treinador não escondeu a surpresa. Recepção de pop star. Acompanhado pelo presidente do clube, Marcelo Guimarães Filho, Joel já não lembrava os caminhos.
- Por aqui – guiava o presidente.
- Ah, no meu tempo não tinha isso aqui, não - disse Joel, se referindo à sala de imprensa do Tricolor.
Abarrotada como nunca antes na história do Bahia, a sala de imprensa tinha cada metro disputado como território privilegiado. Sem ligar para polêmicas, Papai Joel abriu o coração. Em certo momento, mostrou arrependimento pela chegada tardia. Lembrou os tempos felizes no Tricolor baiano, as férias na Boa Terra. Fez um apanhado da carreira e pediu um pacto entre time e torcida. E voltou a colocar na pauta do Bahia, o projeto “Voos Altos”.
- Para mim, é um dia muito especial. Minha vida começou aqui, em 1994. Depois voltei em 1999 e sempre conquistei objetivos. As coisas aqui mudaram, estão diferentes, mais organizadas, mostram que o Bahia cresceu. A estrutura está digna de um time desse tamanho, com essa torcida imensa. O tempo é curto, como a vida, como o futebol. Quase voltei em outras oportunidades, andei muito por aí. Mas não foi por acaso essa minha volta. Estava escrito. Era para ser feita no começo do ano. Fui muito feliz aqui. E agora não pode ser diferente - disse.
Com a consciência de que o tempo é curto para acertar o time, Joel já fez questão de mostrar serviço. Depois de sinalizar que a incômoda posição na tabela não agrada a ninguém, o treinador disse que espera ver o Bahia lutar na parte de cima da classificação.
- Não estou aqui para fazer promessas, eu vendo trabalho. E temos ambições. Se não fosse assim, eu não viria. Temos projetos maiores do que essa posição na tabela. Queremos estar ali no sétimo, sexto, até quinto lugar. Estou muito feliz. Não vim fazer aventura. Temos um projeto firme e queremos mais. Precisamos de mais – garantiu.
Rapidamente o técnico falou sobre as suas duas outras experiências em 2011.
- Saí do Botafogo por uma questão minha, algo que não estava me agradando. Mas deixamos um projeto, tanto que o Botafogo está aí nas cabeças. Já no Cruzeiro não, foi diferente. Eu já queria ter trabalhado lá desde 1997, mas eu não sei o que aconteceu. No entanto, isso já é passado na minha vida. A vida de treinador é assim mesmo, como cigano, inconstante – disse.
Sardinha com pimenta
Joel mostrou incômodo com a polêmica em que se envolveu quando comparou o Bahia a um peixe pequeno, mas tratou de encerrar o assunto, sem deixar de lado suas metafóras.
- Existem coisas que não vale a pena ficar alimentando. Eu não lembro o que eu comi ontem, vou lembrar disso? Mas disseram que eu falei. Quiseram levar para esse lado. Problema deles. Se eu não tivesse uma carreira tão sincera e se não gostasse tanto desse clube, o que é que eu viria fazer aqui agora? Não vim fazer merchan. Só quem pode nos ajudar é a torcida, a diretoria e, principalmente, os jogadores. Então temos que trabalhar, porque nosso torcedor vai para o estádio, vai cantar, vai apoiar, mas vai cobrar. E a cobrança é como pimenta. Quando é forte, arde e arde pra caramba - disse.
Para encerrar de vez a discussão sobre o episódio, Joel foi categórico:
- Só trabalho em time campeão. Só trabalho em time grande.
Papai Joel e a torcida tricolor
Joel deu razão às cobranças do torcedor e falou sobre o sofrimento de acompanhar a partida contra o Flamengo de longe, logo após acertar com o clube baiano.
- A torcida está cobrando e eu costumo dizer que, quando o torcedor cobra, é porque ele tem razão. Eu conversei com os jogadores antes do jogo contra o Flamengo e eles tiveram uma atuação de gala. Eu sofri muito assistindo ao jogo. Eu estava na minha, quieto, e o presidente me ligando, dizendo “vamos lá, vamos lá”. E eu disse: “Agora eu vou”. E como é difícil acompanhar longe do campo!
E se o assunto são os reforços, o treinador pede paciência para analisar o grupo e ver quais posições carecem de novos jogadores.
- Eu acabei de chegar, então ainda quero ver o grupo, os jogadores que nós temos, até porque não adianta trazer um a mais ou a menos. Se é pra trazer um a mais ou a menos, eu prefiro colocar um garoto da base que está querendo levar o pão para casa. A gente vai tomar pé do grupo, mas precisamos começar com o pé direito diante do Grêmio, que é uma grande equipe, um clube de ponta, e tem um time forte.
Por fim, Joel tratou de relembrar a grandeza do Bahia.
- O Bahia é o Bahia. Campeão brasileiro e maior do que qualquer coisa que a gente possa falar - afirmou.
Apreciador de um bom samba, o treinador encerrou a entrevista pedindo, com uma música, paciência para que as coisas aconteçam.
- Tem uma música que, se vocês não conhecem, depois procurem saber. Ela diz assim: "Deixa acontecer naturalmente"...
FONTE:GLOBOESPORTE.COM
Potado por Guilherme Lourenço.
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